O mais severo dos meus mestres foi meu professor de química no curo clássico (que corresponderia hoje ao curso de humanas). Ele era major e mantinha a disciplina com zelo castrense. Numa prova mensal eu, desconhecendo a resposta para uma das questões, fui tentado a fazer uma gracinha e respondi em versos: Sobre este assunto nada sei,/Por isso estou desapontado./Porém meus livros folhearei/Para ficar bem-informado. Assim que entreguei a prova, fui tomado por um pavor que se estendeu até o dia, na semana seguinte, em que o professor daria as notas. Quando esse dia chegou, eu tremi no momento em que ele chamou meu nome. Fiquei esperando o castigo que na certa viria. Porém ele, com um inesperadíssimo sorriso, disse que não me tiraria ponto nenhum pela quadrinha estropiada. Mas me recomendou que, dali em diante, em suas aulas, deixasse de lado a poesia e me concentrasse no estudo da química. Este caso está contado no meu livro Ricardinho, o grande, um dos oito que publiquei na série Vaga-Lume, da Editora Ática, e que de 1994 até agora atingiram (concedam um instante de imodéstia a quem vive se apequenando) meio milhão de exemplares vendidos.
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