Aos cinco ou seis anos, eu já me sabia triste. Chorar era uma espécie de tesouro que me fazia sentir-me melhor que os outros meninos e, sempre que em um deles eu via algo que pudesse representar algum tipo de superioridade, era com as lágrimas que eu me recompunha. Deixava que brotassem e corressem para os meus lábios agradecidos. Que êxtase me traziam elas, com seu gosto amargo. Quando, anos depois, começou a me encantar a poesia, eu senti imediatamente que se tratava de uma versão sofisticada da tristeza e a acolhi como todo homem deve acolher a voz que reconhece ser a voz de seu destino.
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