Nas noites em que é mais agudamente atacado pela melancolia, ele abre o arquivo de sonetos. Lê meia dúzia deles, lembra-se dos detalhes de cada um, das dificuldades e do prazer que lhe deram todos, como se os estivesse reescrevendo, e um sorriso vai atenuando os traços de seu rosto de velho. Nessas ocasiões, sente-se como um rebelde consultando papéis em que um dia outros rebeldes encontrarão as senhas para o restabelecimento de uma época dourada. Seus olhos têm então um brilho que ninguém estranharia ver num fanático religioso.
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