Às vezes a poesia, furtivamente, ainda me acena e tenta enredar-me de novo em seus encantos. Fala-me de amor, como antigamente, e me pergunta como pude me esquecer de tantas coisas mágicas que vivemos. Chama-me de ingrato, acusa-me de não ter alma e, sabendo como sou sentimental, cantarola uma daquelas melodias que cantávamos outrora, e incita-me a dançar como dançávamos em nossa época dourada.. Foi assim hoje. Eu caminhava aspirando o morno aroma do verão, quando ela veio, com seus ardis. Quase me entreguei. Mas mister Parkinson, sempre atento ao que é bom ou mau para mim, puxou-me rapidamente e, como um pai zeloso afastando o filho de um lupanar, me trouxe em segurança para casa.
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