segunda-feira, 3 de maio de 2010
Pequenas alegrias urbanas (81) -- A pinta
Nasceu com uma pinta abaixo do olho esquerdo, bonitinha como ela. Cresceu, e a pinta, que foi crescendo com ela, não enfeou seu rosto, que continuava chamando a atenção, pelo delicado nariz e pelos grandes olhos azuis. Aos treze ou catorze anos, a pinta já era notada mais que o rosto. E aos dezoito ela sabia já a causa de nunca ter tido um namorado. Aos vinte e três, num baile, na festa de casamento de uma prima quatro anos mais jovem, um rapaz se aproximou da mesa em que ela estava e, com um sinal, convidou-a para dançar. A surpresa a fez hesitar um pouco e, quando se levantou da cadeira, o rapaz estava se afastando. Ela coçou a pinta com força, como se a castigasse, bebeu um gole de vinho e sorriu ao ver que o rapaz tinha feito um convite a uma garota , três mesas adiante, e acabava de ser rejeitado.
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