sábado, 8 de maio de 2010
Pequenas alegrias urbanas (89) -- A palavra divina
Tinham já percorrido um quarteirão longo, parando de casa em casa para pregar a palavra de Deus. Era uma dezena de homens e mulheres pálidos, vestidos sobriamente. Entre eles, uma menina de sete anos, acompanhando contrariada a mãe. Gostaria de estar com o irmão de doze anos em casa, mas a mãe tinha dito que ele não era suficientemente responsável. No sábado seguinte, quando o pai ficaria em casa, ela não precisaria sair com a mãe. Naquele dia, porém, a mãe havia achado que já era hora de ela tomar conhecimento, ainda que superficial, da beleza do trabalho de evangelização. Dali a alguns anos, a mãe esperava que ela se juntasse ao grupo, para redimir os dois irmãos descrentes e o pai. A menina estava com fome, sede, cansada. Vinha segurando a urina fazia muito tempo e, quando choramingava dizendo que não aguentava mais, a mãe a repreendia: "Você aguenta, sim." A mãe estava conversando com uma mulher no portão de uma casa enorme, mostrando livros e folhetos, quando as nuvens negras despejaram uma carga brutal de chuva. A mulher da casa enorme pediu desculpas e correu para dentro, enquanto a menina, apanhada no colo pela mãe, sorvia com delícia os grossos pingos e, já molhada, deixava escorrer pelas pernas a urina.
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