Talvez não tivesse dito nada, porque estrebuchava e lhe parecia que nenhuma palavra, nem um ai, conseguiria passar pelo sangue que lhe entupia a garganta, mas, quando o policial perguntou pela terceira vez quem o havia esfaqueado, ele se lembrou ainda uma vez, dolorosamente, de como lhe tinha sido roubado seu grande amor e, mesmo sabendo que era uma tentativa quase certamente destinada ao fracasso, murmurou antes de fechar os olhos o nome do menino da sétima série que talvez ainda estivesse vivo agora, quarenta anos depois, embora durante esse tempo ele não houvesse deixado um dia sequer de lançar contra ele suas pragas mais sinceras e fervorosas.
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