Os passos serão trôpegos, os olhos ficarão baços, os ouvidos moucos, e dos desejos - poucos - não constarão nem o amor nem a poesia, mas prosaísmos como uma sopinha quente, um bom chá ou um cobertor felpudo. Existirá um inverno para cada mês, uma impossibilidade para cada músculo, uma dor para cada osso, e não haverá mais encanto, nem desencanto, porque a memória já terá abandonado o homem, que se recordará talvez apenas do seu nome, mas nem sempre, e esperará vagamente algo que, quando vier, será tão importante quanto uma folha caindo de uma árvore.
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