Toda noite sonhava com a amada. Era sempre o mesmo sonho. Ele a via na rua depois de muitos anos, tantos que, quando se aproximava e se punha à sua frente, ela não o reconhecia. Ele tentava lhe falar, dizer quem era, mas, como acontece nos sonhos, sua voz borbulhava ininteligível nos lábios, quando não morria na garganta. Acordava amaldiçoando-se. Ocorreu-lhe então o estratagema de escrever o próprio nome e deitar-se com ele no pijama. Mostraria o papel quando ela aparecesse. Mas ela nunca mais apareceu. Tanto tempo se passou que agora, quando vai dormir, receia que ela surja no sonho e seja ele que não a reconheça. Por precaução, deita-se com uma foto dela no pijama.
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