domingo, 25 de julho de 2010
Situações (6) - A piscina
Ela pediu as férias e escolheu um hotel na montanha, como poderia ser um na praia ou até a própria casa. Pouco lhe importava a paisagem, já que estava indo lá para se matar. Não sabia como faria, mas faria, e, quando a assediava alguma dúvida, ela se punha a imaginar o efeito do suicídio no homem que, negando-lhe amor, a condenava ao gesto extremo. No hotel, no quarto dia ainda não tinha decidido como se livraria da vida. Naquela noite, resolveu - porque o impacto sobre o homem amado precisava ser devastador - que acharia uma forma de entrar na piscina depois do jantar, com seu maiô mais bonito, e cortaria os pulsos. Depois do jantar, sua última refeição, ela subiu ao quarto, pôs o maiô, sobre ele um vestido, pegou uma tesoura e caminhou ao encontro do ato que a vingaria. Chegando à borda da piscina, teve uma surpresa: viu, no meio dela, um homem que dava braçadas de campeão. Ao notar a chegada dela, ele se aproximou da beirada e lhe fez um sinal com o indicador sobre os lábios: que ela não o delatasse, porque não era permitido nadar ali naquela hora. Em seguida, num espanhol que a fez acreditar que se tratava de um argentino, convidou-a a nadar com ele. Ela tirou o vestido e mergulhou. Nadaram até a meia-noite e, depois, foram para o quarto dele. Na verdade era chileno, tão belo quanto um homem pode ser, e ela antegozou o efeito das fotos que já no dia seguinte encaminharia a certa pessoa.
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