O tempo passa devagar. Talvez a noite não chegue, pensa o menino, recordando mais uma vez aquilo que lhe parece cada vez menos real: a empregada barrando sua passagem na cozinha, abaixando-se e, quase ajoelhada, beijando-lhe a boca e fazendo-lhe a pergunta que há duas horas o atormenta: "Quando seus pais saírem, você vai até o meu quarto?" Poderia se aconselhar com o seu vizinho. Um garoto de dez anos deve saber mais coisas que um de nove. Mas tem medo de que Lucas zombe dele. Se tivesse coragem de falar com o amigo, perguntaria se uma mulher pode devorar um menino. Mas receia que Lucas possa dizer que não.
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