Olha para a estante e, vendo livros que não relerá, passa-lhes carinhosamente a mão na lombada. Depois, pega a lista de livros que pretendia comprar, e não comprará, e lhes pede desculpas. Deve essa gratidão à literatura, embora esteja um pouco ressentido com ela. Aflige-o pensar em todos os livros que hoje se oferecem inutilmente a ele, mas não tanto quanto saber que, quando estiver morto, o tesouro da literatura continuará sendo enriquecido ano a ano, mas para quem? Sua aflição se torna insuportável quando imagina quantos milhões terão morrido antes de nascerem Fernando Pessoa, Anton Tchekhov e William Saroyan.
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