A prostituta disse três vezes ao menino que o preço era aquele mesmo, sem discussão. Na quarta, os olhos dele, pedinchantes, conseguiram o abatimento, e por metade do preço ele a cavalgou na deprimente cama do hotel e ela deixou que ele a chamasse
de puta, puta, puta, porque, talvez por descuido da sua grosseria, ele de vez em quando ofegava também um adjetivo: querida, boa, gostosa. Ela aceitou os adjetivos e, estranhamente, também o substantivo, que ele repetia como se quisesse com seu hálito em fogo marcar a palavra na orelha que ia mordendo como se fosse um bebê afogando-se num seio. E foi assim, como bebê, que a mulher o viu na meia hora em que ele se debateu em cima dela, cavando-a, e depois, quando, com aqueles olhos esmoleiros, ele conseguiu ainda mais um desconto além do acertado e se foi, sem olhar uma vez, ao caminhar pela calçada. Ele não acenou, não disse uma palavra e dobrou a esquina. Ela, porém, disse baixo: "Pode voltar quando quiser, meu menino." E soprou um beijo.
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