Perguntam-me sempre por que sou triste, como se a tristeza fosse uma invenção e uma convicção minhas, com as quais eu quisesse me distinguir dos demais. E recomendam-me alegrias para as quais não estou apto. Ainda hoje uma mulher me aconselhou na rua umas tantas coisas, enquanto me fitava com seus perigosos olhos castanhos. Ela falava, falava, e eu me fixei naqueles olhos, viajei neles e voltei a mim no momento em que ela repetia a pergunta: "Por que você é sempre assim tão triste?" Só então ela notou como eu me perdia venturosamente nos seus olhos, e rapidamente se despediu. Caminhei pela garoa remoendo a pergunta e, não mais que vinte passos depois, respondi com outra: e por que não?
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