terça-feira, 30 de agosto de 2011
2666, de Bolaño
Em seu romance 2666, Roberto Bolaño matou, até a página 400 (são 852, no total), tantas mulheres (duas, três, seis por parágrafo), que ao abandonar o livro, porque me sentia mais mosca e urubu do que leitor, fiquei pensando se, além de se referir ao ano de 2666 a trama não se referiria ao número de mulheres estupradas e mortas (nem sempre nessa ordem). Neste, como em outros livros, Bolaño me deixou com a sensação de ficar devendo (quase sempre muito) ao leitor. De Putas Assassinas, Os Detetives Selvagens, Noturno do Chile, saí com a impressão de que fui enganado pelo malabarismo verbal de Bolaño. Dele, o único texto que me pareceu formal e satisfatoriamente concluído foi Pista de Gelo, talvez pela modéstia de suas intenções. Receio que Bolaño possa ter sido uma descoberta mais auspiciosa para os críticos que para os leitores. Pode permanecer um mito e pode desfazer-se como uma bolha de sabão. A mim, perca eu o que perder, Bolaño não pega mais.
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