Em dias de sol, é bom estar subindo a rampa que leva do metrô Vergueiro ao Centro Cultural. Os edifícios, ouro de São Paulo, refulgem e gosto de vê-los soltando suas faíscas. Às vezes me lembro de que em um deles, certa manhã, me deram um diagnóstico que transtornou minha vida. E recordo a tarde em que fiquei esperando em vão alguém que poderia ter mudado tudo em meu caminho, naquele dia e em todos os outros. O sol purga tudo, faz de tudo um presente luminoso. Lá dentro, na biblioteca circulante, esperam-me o desolador Beckett, o sombrio Dostoiévski, a desesperançada Sylvia. Pego-os e saio de novo para o sol, como se as tristezas e os dramas existissem só nos livros.
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