quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
O estranho
Quando, depois de um ano e meio, ele voltou, estava estranho. Tinha aprendido a dar nós de marinheiro, cuspia com notável precisão, chegando a derrubar moscas, e nada restava dos seus antigos refinamentos. Tinha se tornado omnívoro, comia tudo com dentes gulosos e as estrelas com que antes avaliava os pratos haviam sido substituídas por uma escala de tonitruantes arrotos, constituindo oito deles a nota máxima, concedida certa vez a um bife de fígado quase cru. Três mulheres com as quais ele mantivera relações aprofundadas e voltaram a acolhê-lo na cama disseram que nem ao Diabo contariam como ele as entretinha, embora uma delas tivesse razões para acreditar que ele e o Diabo fossem a mesma pessoa.
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