O que o garoto teria visto, se não saísse por um momento da janela onde todas as manhãs espreita, seria a mulher sentada na cama, ainda de camisola, com uma perna dobrada sobre a outra, apalpando o menor dos dedos do pé. Talvez ele tivesse visto também os lábios dela se mexendo, embora não pudesse ouvir o que ela dizia: "Tá doendo, tá, meu amor? Hoje não vou pôr aquele sapato, pode sossegar. Se eu pudesse, te dava um beijo, meu lindo." Se ouvisse, o garoto incorporaria a frase aos seus fetiches matutinos.
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