Nem quem fez a tela sabe que ele está ali, na margem do rio, confundido com a vegetação. Enfiou-se ali enquanto a pintora, numa pausa, foi tomar um lanche. Foi no primeiro dia. Hoje a tela está pronta há uma semana e ele espera que o azul do horizonte se carregue de cólera uma noite e, esvaziando suas nuvens, o faça rolar para dentro da água. Enquanto isso não acontece, vai cuidando de sua parte. Quando não há ninguém na sala, dá um jeito de se arrastar um pouquinho, um centésimo de milímetro, na direção do rio. Se alguém quiser vê-lo, o tempo está acabando.
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