A criança chegou hoje, às cinco da tarde. Obediente, e também temerosa, não se mexe. Fica conforme a colocaram, com o terço nas mãos e as flores no peito. Não tem agora, embora fechada com elas, aquela alergia, aquela coceira no nariz, a vontade de espirrar. Sente, não sabe como, que é noite lá fora, talvez pelo silêncio, mas não se atreve nem a respirar. Ouve um murmúrio ao redor. São vozes. Falam de uma criança que chegou hoje à tarde. Não consegue entender o que estão falando, até que uma voz velha e doce diz que todos podem ficar tranquilos, que a criança sempre foi muito boazinha e não há de ter mudado. "Vó?", arrisca-se então a dizer.
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