A sombra desce e se acomoda sobre o parque. A essa metáfora da vida e da morte, diariamente repetida, ninguém mais presta atenção. O menino corre ainda com sua bicicleta para onde um minuto antes havia um resto de claridade, e a mulher beija o homem que conheceu hoje e que tem língua mais áspera e pesquisadora que a do marido. Tudo ainda se move como há pouco. Só os pássaros, temerosos, se entranham na treva e deixam repousar seu canto, para que ele soe soberbo amanhã, quando a vida voltar.
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