No meio do livro, a rosa colocada há cinquenta anos se esfarelou. Não importa. O livro não será aberto jamais. Já se desfez a delicada mão que a ajeitou carinhosamente entre as páginas 100 e 101 e também a ansiosa mão que a presenteou. O nome do homem e o da mulher estão na página 6 ou 8, na dedicatória. Isso também não importa. O tempo talvez os tenha tornado ilegíveis e o livro também logo se perderá, atirado ao lixo ou rasgado por um garoto de quatro ou cinco anos, talvez descendente, talvez não, de quem deu ou de quem recebeu a rosa, num dia que lhes pareceu único, como todos parecem a alguém enquanto não descem sobre eles o peso de todos os outros e a noite do esquecimento.
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