quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Kama Sutra - XXXIII
Talvez não acontecesse nada se ela não se debruçasse sobre a amiga que, sentada, lhe mostrava algo que depois nenhuma lembrou o que era. Talvez a amiga não lhe estivesse mostrando nada e o impulso de debruçar-se sobre ela tivesse nascido do perfume que seus cabelos exalavam. Talvez não houvesse acontecido nada se ela, ao debruçar-se, não tivesse pousado os seios no duro encosto da cadeira. Ela gemeu de dor, ai, e no instante seguinte, como se fosse um filme do qual algumas cenas tivessem sido cortadas ou passado depressa demais, as duas estavam já em pé, abraçadas, e a amiga gemia também, ai, ai, como se estivesse com os seios apertados não contra os seios dela, mas sobre o encosto da cadeira. Lábios contra lábios, elas se confessaram que desde quando eram colegas de faculdade, cinco anos antes, haviam tido, ainda que vagamente, aquele desejo. Se não houvesse acontecido o abraço e o contato palpitante dos seios, a amizade entre as duas seria daquelas comuns, esporádicas, e não como é hoje: dois encontros semanais, ora na casa de uma, ora no apartamento da outra, começando sempre os ritos amorosos, que chegam a se alongar por duas horas, com uma delas sentada, mostrando algo que cada vez é uma coisa nova, para que a outra, excitada pela curiosidade, se debruce sobre ela e se ponha a beijar seus cabelos perfumados.
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