Alguns ainda se deitarão sobre ti
mas quando te disserem
o que te disseram os outros
não fecharás os olhos como fazias
para que no escuro
as palavras te soassem
clandestinas e medrosas
como um murmúrio
Conheces a mentira
já por inteiro
como se ela fosse uma colega
com quem dividisses o aluguel
o quarto a cama e o banheiro
Enquanto este que hoje
em cima do teu corpo se deita
diz que és ai és ai és
tu de olhos abertos
fitas o teto para fugir
do desprazer de ver
que os olhos de quem
agora olha para ti ai és
sabem também como os lábios
e como os olhos dos outros
sempre souberam mentir.
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