quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Matadouro
Ouviu mugidos, cada vez mais agudos e aflitos. Parecia que bois, muitos, berravam seu nome. Era noite, mas numa parte do céu uma frágil claridade, semelhante a leite batido, já antecipava o sol. Foi caminhando na direção dos mugidos. Aproximando-se, viu crescer à sua frente um prédio imenso, cuja brancura se destacava na treva. A impressão de que os mugidos diziam o nome dele acentuou-se. Já a cinco passos do que parecia ser a entrada, ouviu uma voz entre severa e brincalhona: "Puxa, até que enfim. Dez novilhos para matar e você não chegava nunca!" Ele olhou para cima, para as nove letras que a fachada ostentava: MATADOURO. Acordou encharcado de suor. Com falta de ar, abriu a janela. Era noite, mas numa parte do céu uma frágil claridade, semelhante a leite batido, já antecipava o sol.
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