"A coisa sempre começava igual. Ela estava sentada em seu balanceio e ele no dele, assim, de lado, e ela sempre punha uns vestidos de godê, muito largos, e ficava muito calminha em seu balanceio vestida com seus vestidos de godê de luto aliviado, falando ou fingindo que estava falando. Então, quando a velha estava lá dentro, ela virava a cabeça para o lado e olhava e então ele tirava a coisa dele para fora e ela começava a tocá-la, a passar-lhe a mão e logo, acariciando-a, ficava vigiando se a velha vinha ou não vinha, depois pegava e se levantava do balanceio e levantava a saia e sentava em cima do homem e aí ela começava a se mexer e o homem começava a se balançar e de repente ela pulava e se sentava na cadeira e ele cruzava a perna, assim, para lá, de modo que não se visse nada, para ver se a velha vinha, e a velha muito inocente ia até a janela e olhava para a rua ou para o céu ou fingia que olhava para a rua e para o céu e tornava a entrar e eles tornavam a se acariciar, ela tocando na coisa do homem e o homem agora a ela manuseando, e ela pegava e baixava a cabeça e a metia entre as pernas do homem e a deixava ali um pouco e logo a tirava de repente porque a velha vinha de novo. Passavam toda a noite fazendo isso e a velha vindo e olhando para fora pela janela ou então ele disfarçava e falava com a velha, e se ria, e ela, Petra, também se ria e falava alto e a velha ia de novo à janela e voltava para dentro e ficava um bom bocado lá dentro, rezando, rezando ou coisa assim porque era muitorteligiosa e estava sempre rezando, sobretudo depois da morte do marido. Então eles pegavam e recomeçavam a função e nós víamos os dois dali, debaixo do caminhão, e também nos aproveitávamos."
(Do livro Três tristes tigres, tradução de Stella Leonardos, publicado pela Global Editora.)
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