"Quando ficava lá deitada com as pernas abertas e gemendo, ainda que gemesse daquele jeito para todo mundo, era bom, era uma demonstração apropriada de sentimento. Não fitava o forro com ar vazio, nem contava os percevejos no papel da parede; conservava a mente em seu negócio, falava sobre as coisas que um homem deseja ouvir quando está trepando em uma mulher. Ao passo que Claude - bem, com Claude sempre havia certa delicadeza, mesmo quando estava com alguém embaixo das cobertas. E sua delicadeza me ofendia. Quem quer uma puta delicada? Claude chegava a pedir que você virasse o rosto quando ela se agachava sobre o bidê. Tudo errado! Um homem, quando ardendo de paixão, quer ver coisas; quer ver tudo, até mesmo como elas vertem água. E, embora seja muito bonito saber que uma mulher tem uma mente, literatura vinda do cadáver frio de uma puta é a última coisa que se pode servir na cama. Germaine tinha a ideia certa: era ignorante e sadia, punha o coração e a alma em seu trabalho. Puta de alto a baixo - e essa era a sua virtude."
(Do livro Trópico de Câncer, tradução de Aydano Arruda, Biblioteca Folha.)
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