segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
No jornal (Major Quedinho) - 46 - O morto desbocado
Nas noites de sexta-feira, já entrando na madrugada de sábado, os revisores saíam para quinze minutos de lanche. Voltávamos depois para mais algumas horas de trabalho, nas quais revisávamos a matéria paga para a edição de domingo. Numa dessas noites, saímos todos, menos um revisor, Orival Xavier Barbosa (ele está em outra das notas desta "série"), que preferiu deitar-se na mesa do chefe, Lima Neto, e dormir um pouco. Além do trabalho no jornal, era funcionário público. Fomos para o lanche e, ao voltarmos, Orival dormia ainda. Alguém teve uma daquelas ideias que haviam criado e mantido nossa fama de malucos. Logo essa ideia entrou em execução. Providenciaram-se, sei lá como ou onde, quatro velas, apagaram-se todas as luzes e lá ficou o falso defunto, devidamente ornamentado. Quando a cena fúnebre estava armada, começamos a fazer ruídos. Não precisamos esperar muito. O morto mexeu-se devagar, sentou-se e ficou assim, um minuto talvez. Estava difícil, para nós, segurar o riso. Finalmente pudemos soltá-lo, quando o defunto notou que não estava morto e pôs-se a xingar como nunca nenhum defunto deve ter xingado em toda a história da humanidade.
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