A trégua que tem são aqueles três segundos nos quais, depois de acordar, ele olha ao redor como olham os bilhões de seres humanos antes de, localizando os objetos habituais, redescobrirem quem são. Ele olha a parede, a janela, e nesse olhar a memória já se recompõe inteira e lhe diz o que ele gostaria de nunca mais saber: quem ele é. Não precisa abrir a janela para pressentir lá fora o sol, o tirano que o repõe todos os dias diante do suplício de viver. Todas as manhãs se pergunta até quando suportará isso. E vai suportando.
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