sábado, 23 de fevereiro de 2013
O que é o amor
O amor é como uma tempestade em alto-mar: o vento enfurecido, faíscas, relâmpagos, trovões. As ondas, assustadas, se entrechocam, se batem, se atiram contra os navios, em busca de refúgio. Às pragas dos marinheiros que lutam pela vida se juntam as maldições dos marujos mortos em procelas imemoriais. As nuvens descem cheias de ódio, e céu e mar se transformam num animal só, empenhado em destruir tudo. São vinte, trinta minutos de horror. Parece impossível que alguma coisa escape à destruição. Esse é o amor - o som e a fúria de Shakespeare, a obsessão de Melville, a insanidade de Conrad. Quando milagrosamente ressurge a claridade e perto da praia os veleiros já se atrevem a sair, isso não é mais o amor. É a paisagem de um quadro que o pintor bissexto fará com capricho e levará para vender domingo no parque municipal.
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