quinta-feira, 14 de março de 2013
Kama Sutra - CXXXVII
É vestida que ele sempre a imagina. É normal que assim seja. Viu-a oito vezes, na loja da qual ela é gerente, e em todas ela estava vestida. Ele se lembra exatamente das roupas que ela usava nessas oito ocasiões e é sobre elas que sua fantasia, ainda na fase inicial, age. É por enquanto um trabalho só da memória, nele não entra ainda a mão, reservada para o dia em que, sob a calça jeans justa e a blusa, também apertada, ele puder ter melhor ideia de como ali se distribui a carne loira. Desde menino, a fantasia pura, sem nenhum realismo, desperta nele uma sensação semelhante à causada pelo pecado. É preciso que a mulher escolhida seja não só apetecível, mas esteja ao seu alcance, em um lugar determinado, e não apenas visível, como nas revistas. Irá à loja novamente e, ainda que levante suspeitas, dará um jeito de olhar mais demoradamente a mulher, mesmo que o marido dela, como ontem, o encare com raiva. Se houver chance, tirará uma foto no celular. Então sim, talvez ainda hoje mesmo, à noite, ele possa se entregar ao devaneio completo, se a mulher, como ele se esforça para imaginar, for gorducha e tiver seios desses que balançam ao menor pulinho. Não entende como seus amigos podem gostar, a ponto de andarem sempre com olheiras e o rosto empalidecido, das magricelas que aparecem nas revistas.
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