quinta-feira, 14 de março de 2013
Nosso clube
Nós nos acostumamos a ficar sentados diariamente na calçada em frente à casa dela, já no início da noite, e fixar nossos olhos, como mariposas, na luz do seu quarto. Não vemos nada, não sabemos de nada do que acontece lá em cima. Mas, porque sofrer é o artigo primeiro do estatuto desta nossa espécie de clube, sempre imaginamos que ela esteja com um homem, naturalmente muito melhor do que qualquer um de nós, admiradores compulsivos, ex-namorados, ex-pretendentes, ex-aspirantes a namorado, ex-isso, ex-aquilo, ex-tudo. Quando de madrugada a luz se apaga, a imaginação, com sua sugestão de beijos trocados no escuro e suas inevitáves sequências, nos garante o sofrimento exato para que suportemos permanecer na calçada até a chegada do sol. Vamos embora então, prometendo encontrar-nos novamente à noite. É quase óbvio, para nós, que por esta nossa imaturidade é que ela nunca, em três anos de clube, apareceu uma vez sequer à janela. Quem sabe hoje à noite.
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