quarta-feira, 24 de abril de 2013
Ainda perdemos...
... nosso tempo com o amor, essa perversa droga com que o Diabo nos viciou para afastar-nos dos bons costumes e da missa. Saímos já tantas vezes mutilados das guerras de amor, saímos já tantas vezes vencidos e ridicularizados, que só nossa loucura justifica nossa insistência. Insistimos. Vamos noite após noite às esquinas que nos indicaram, imploramos, mostramos nosso dinheiro e recebemos não o comprimido nem a erva, mas uma gargalhada: "Vai procurar tua turma, coroa!" Algumas das gaiatas passadoras repetem a centenária piada e perguntam se em nosso tempo aquilo se escrevia mesmo com "ph". Outras nos dizem que, chupar por chupar, por que não tentamos balinhas de hortelã? E nos afundamos na noite, em busca de alguém que, por caridade, nos passe furtivamente o amor embrulhado num papelucho. Nada, ninguém. Quando voltamos para o nosso prédio arruinado, para o nosso quarto apodrecido e para a nossa foto de Greta Garbo, vemos, ao tirar com dificuldade nossos sapatos, que neles ficaram as marcas amarronzadas e pestilentas de um desses cachorros de zona, além de um pedaço ainda gotejante de camisinha.
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