Debate-se numa crise moral. Julga-se todos os dias e, sentindo-se sempre culpado, exacerba tanto sua culpa que tem a impressão de estar sendo instigado pela megalomania e de querer ser o culpado dos culpados, o maior de todos. Aspira ao cilício e ao martírio. Mas, se lhe ocorre pensar em atenuantes, acusa-se então de autoindulgente e reentra no caminho das culpas. Às vezes se lembra de uns versos nos quais Emily Dickinson fala de um homem que, tendo pecado, mas em outro tempo e outro lugar, deveria considerar-se isento. Esse princípio de moral como convenção meramente social o acalma por uns instantes, mas logo ele retoma sua autopunição e repõe o mundo nos ombros. É a sua vocação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário