Talvez um dia doa menos a lembrança do fiapo de luz que certa manhã deixou em nossas pálpebras, a reminiscência das gotas de chuva que o sol de certos cabelos não bebeu inteiras, a recordação da blusa na qual era possível imaginar bispos, cavalos e reis envolvidos em lances heroicos. Talvez um dia o sopro do vento não reabra nossas chagas e o tempo convença a memória de que ela, essa doida, imaginou tudo isso. Nesse dia, se ele chegar, seremos indignos de nós.
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