Sente-se como o último pão doce no balcão. Os que, como ele, foram feitos anteontem, já se foram, levados por mãos gulosas. Os de ontem, também. Ele, por um descuido de quem está encarregado de repor os pães doces, continua ali, sozinho, como se o tivessem escolhido para indicar onde os outros devem ser diariamente postos. Já não sonha com dedos afoitos nem com lábios juvenis. Se uma mosca o tocasse, seria capaz de produzir um fenômeno: o primeiro pão doce, desde os primórdios da humanidade e da indústria de panificação, a chorar de alívio e de alegria.
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