Do quarto vizinho começaram a vir sussurros, ganidos de mulher gemendo um nome que identifiquei na terceira vez em que foi pronunciado: Homero. Soava falso ali, no hotel de terceira, ainda que de momento a momento a batalha amorosa no quarto ao lado começasse a ganhar sons épicos, com a cama lançando também interjeições ao ar. Homero, gemia a voz, acrescentando agora mais, mais, mais. Não conseguindo alhear-me, decidi participar, ou minhas mãos decidiram. Me assumi como Homero e, quando o homem, fazendo ouvir finalmente sua voz, disse Luana, ai, Luana, ai, eu, inteiriçando-me talvez tanto quanto ele, repeti Luana, ai, Luana, ai, ai.
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