Talvez eu tenha ainda na memória alguns dos versos que fiz um dia para uma garota que, com sua bicicleta vermelha, atraía os raios do sol. Não os disse a ela, então, por falta de ousadia. Quem sabe os diga a ti, menina como ela, e lhes acrescente alguns que me vens inspirando. Terão, espero, a pureza que tinham aqueles e a pureza de agora. Se um dia os disser a ti, que possas ver em mim aquele menino que eu era e que, por um milagre teu, reaparece entre as árvores por pressentir, nesta que vem, uma primavera tão esplêndida quanto aquela. E que eu, sendo digno desta, não seja indigno daquela, preciosa recordação na qual bebo ainda a água mais clara, vinda da mais alta montanha.
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