"Debruçou-se para a cama. Não voltava a deitar-se.
Entregava-se a um verdadeiro folguedo de virilhas, desenhava e prolongava enlouquecidos oitos, fazia, toda curvada, carícias.
Entraram três dedos, três convidados que a carne engoliu.
E assim voltou a deitar-se, como o acrobata que sobe e carrega à força de braços a companheira.
- Não estás a ouvir-me - diz Isabel.
- Ouço. Dizes-me as tuas coisas, voltaste e estás em mim. A chuva... Oh, sim... Sim! Não lhe tenho nenhum ódio. É uma amiga. Sim, sim... Vamos morrer juntas, morrer assim enquanto és eu e eu sou tu. Nunca mais volto a pensar que havemos de separar-nos. Vamos morrer. Queres?
- Não quero. Quero isto. Estar mergulhada em ti. Morrer... é estúpido demais
- Abandonavas-me, se eu fosse leprosa?"
(De Teresa e Isabel, publicado pela Relógio D'Água Editores, Lisboa.)
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