Esta noite sonhei com minha mãe. Eu era um menino a quem haviam quebrado os dentes da frente, os do sorriso, e ela não me queria mais. Eu a seguia, eu a perseguia pela rua, e ela se afastava. A perseguição deve ter durado a madrugada inteira, porque de manhã acordei cansado e com o indisfarçável brilho e umidade das lágrimas no rosto. Aqueles que compreendem a vida dizem que um homem nunca deve chorar por coisa alguma, nem por uma mãe. O que diriam eles então de uma mãe que se chora num sonho. Pensando nesses homens que tudo sabem, cheguei a ser tentado a nada dizer aqui. Mas digo rapidamente, para não haver tempo de recuo: esta noite chorei por minha mãe.
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