sábado, 28 de dezembro de 2013
É inefável...
... o amor quando nos atinge. Nada faz presumir que ele virá, e no entanto, no instante seguinte, levamos a mão ao peito. Quem nos atingiu tem ainda uma forma indefinida. Somos nós que vamos moldando seu rosto devagar, seus gestos. Nos encantamos, é tão belo o rosto, e os gestos. Parecia que viveríamos sem essa experiência vital, e agora percebemos que viver é isso, essa perturbação única, esse afrouxamento dos sentidos. Nunca sentimos nada igual. E vamos avançando na construção desse fenômeno. Um dia, percebemos que o amor não passa de uma projeção que fizemos de nós mesmos. O amor inefável começa a falar, e fala com as nossas palavras, com o sentido que demos a elas. O amor é um momento em que nos descuidamos e nos amamos. A descoberta é amarga. O amor é quase sempre a manifestação de nosso narcisismo.
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