Os amores, assim como os peixes, morrem pela boca. Começam pelos olhos, pela magia que lhes é emprestada certa manhã ou tarde. Envenenam docemente nossos sentidos, quase nos fazem crer que há somente alma neles. Deveríamos ficar sempre nesse estágio, não prosseguir. Mas começamos a dizer ao ser amado por que o amamos. E ele retribui. Explica-nos por que nos ama. Ao fim de um mês ou dois, temos já o amor catalogado em todas as suas minúcias. E alegra-nos dizer, e ouvir dizer, como ele é. Um dia, quando estamos justamente nesse exercício, as palavras saem de nossa boca como lombrigas pachorrentas. Nosso amor, único, é igual a todos. Não resiste a sessenta dias de análise.
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