Meu erro foi, toda a vida, não me fazer esperar. Cheguei sempre antes, com receio de desagradar às pessoas e dar-lhes a pista de minha educação insuficiente. Nunca aprendi que, nos poderosos e nos que sabem viver, a etiqueta existe para ser graciosamente burlada. Fui sempre solícito e prestativo e tomei a chuva que os outros esperaram passar. Uma vez, cheguei ao velório antes do defunto. Minha mãe, com sua sabedoria de camponesa, dizia algo cru que, no entanto, calha bem ao caso: quem muito se curva, em salamaleques, acaba mostrando a bunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário