Se fores à rua onde mora tua amada, encontrarás, se ainda por lá não passaram os homens da limpeza, teu último soneto, misturado a laranjas espremidas, embalagens da pizza dominical e latinhas de cerveja. As letras com que escreveste os dois quartetos e os dois tercetos estarão úmidas, mas serás ingênuo se pensares que ali estão as lágrimas da bem-amada. Se prestares atenção, ainda ouvirás, ecoando no ar, as gargalhadas com que foram acolhidos teus versos. O som desses risos ficou pendurado numa árvore e faz balançar ainda um de seus galhos.
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