Chamei o amor em domingos como este, em noites como esta, e ele se manteve sempre surdo. Eu o amei ainda mais por isso, e minha fome, e minha sede, se tornaram ralo meu sangue e opacos meus olhos, deram à minha alma o alimento que toda alma deve ter: o sofrimento da carência, dia a dia, e o conforto da poesia. Abençoado seja o amor por isso, abençoado seja sempre por me haver recusado, rejeitado e rechaçado. E que eu tenha voz, até o último dia, para cantá-lo por me haver salvado do bem-estar e da mediocridade. Excluindo-me do seu banquete, ele me livrou de ser mais um daqueles que, à saída, palitam os dentes com seu ar de palermas.
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