A mulher nua, escarrapachada na cama, faz estourar cascas de amendoins. Mastiga-os com lentidão e volúpia. Na porta, ele espera. Ela diz, afinal: o próximo. Assim que ele entra, ela tem um acesso de riso que a faz engasgar. Um grão de amendoim salta de sua boca. Cortês, ele o apanha e o leva até ela. Quer agradar. Ela tem novo surto de riso, estrebucha em mil e trezentas gargalhadas. Quando recupera a respiração e as palavras, grita: "Quem deixou esse menino entrar aqui? O orfanato é na rua de cima." Alguém põe a mão no ombro dele e o tira bruscamente do quarto. Devolvido à noite gelada, ele sente afrouxar-se aos poucos sua luxúria.
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