Gostaria de ser hoje um menino e de estar muito doente. Saudade daqueles anos, na infância, em que uma doença grave me atirava por meses à cama. Havia a febre, o frio, o tiritar convulso, as injeções, os remédios amargos. E havia os livros que compravam para mim todos os dias. Quando eu era tomado pelos frequentes delírios noturnos, conversava com os piratas saídos das páginas da Coleção Terramarear. Hoje a febre não me rende livros, porque os olhos quase não conseguem já distinguir as letras. Meus ouvidos, também já quase surdos, não captam mais o deslizar ciciante das escunas. Que piratas querem ver um velho rabugento e escrofuloso?
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