domingo, 14 de dezembro de 2014
Um tipo de amor
Há um tipo de amor que parece uma tempestade no mar. As gaivotas desaparecem, as nuvens se carregam rancorosamente, os trovões sacodem o céu. Os navios empinam-se, corcoveiam como cavalos dopados, atirando os marinheiros uns contra os outros, entre maldições e apelos a Deus. São vinte minutos, meia hora de horror. Aos poucos, o céu se abre, ressurgem as gaivotas, os navios deslizam como veleiros de regata. Os marujos, então, suspiram. Estarem vivos é quase um milagre. Voltam à rotina. Mas logo o sorriso se apaga. O sangue anseia ainda pelo tumulto, pela loucura, pelo caos, pelos gritos de maldição e pelas invocações a Deus. Esse amor, novelesco e insano, não deixa de ser uma bênção enquanto dura. Dura pouco. Nisso estão seu feitiço e encanto.
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