quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Antepenúltimos gemidos da loja
Hoje, lá pelas quatro e meia, um senhor abrigou-se embaixo do toldo. Olhou para dentro, talvez na esperança de que eu fosse vendedor de capas ou guarda-chuvas (ah, como os homens, apesar de tudo, são crédulos). Vendo tudo vazio, estranhou: "Está esperando entregarem os móveis?" Eu disse que sim, evitando a tentação de lhe contar a verdadeira história. Ele fez mais uma pergunta: "Aqui vai ser o quê?" Eu respondi que vai ser uma loja. "Mas loja do quê?" Menti: "De artigos esportivos." Ele olhou para os três sacos de lixo: "O dono antigo largou tudo isso aí?" Fiz que sim. O homem balançou a cabeça: "Ele tinha cara de doido. Eu nunca entendi o que ele vendia aqui." Antes de ele acenar e sair de volta para a chuva, eu disse: "Eu também não."
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