sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Ma Belle
A eguinha chamava-se Ma Belle. Nas manhãs de bom tempo, a condessa passeava com ela pela propriedade. Voltava sempre com o rosto coradíssimo. Execrava, com bom humor, a égua. Dizia que ela era maluca e cada vez corria mais. Um dia ou outro, a condessa recontava também alguma piada de Ivan, o cavalariço. E, porque eram sempre histórias picantes, seu rosto se avermelhava ainda mais. Eu, sempre mordido pela inveja, me perguntava se contar piadas tinha sido o único motivo para ele receber da condessa a honra de dar nome ao mais novo, e favorito, dos seus cães. Ivan era mais grosseiro que o conde, isso me parecia óbvio. E, quando eu passei a supor que a grosseria talvez fosse uma virtude apreciada pela condessa, passei a desejar também que, se houvesse em mim um traço qualquer de nobreza, ninguém chegasse a notá-lo. Se me perguntassem qual seria minha maior aspiração, eu diria: quero ser o mais rude dos homens.
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